quinta-feira, 28 de março de 2013

CONCEITOS DE REFORÇO DE FUNDAÇÃO

Os reforços de fundação representam uma intervenção no sistema solo-fundaçào-estrutura existente, visando modificar seu desempenho. Tal intervenção faz-se necessária nos casos em que as fundações existentes se mostrem inadequadas para o suporte das cargas atuantes ou, ainda, quando ocorrer um aumento no carregamento e este novo valor nào puder ser absorvido sem riscos e reduções consideráveis nos coeficientes de segurança.

1 Manifestações
Quando há um mau desempenho de uma fundação. aparecem manifestações decorrentes deste fato através de danos que podem ser verificados:

• nas próprias peças de fundação, pela deterioração dos materiais que as compõem, com a conseqüente perda de resistência. Nas peças em concreto armado ocorrem deformações excessivas, perda de recobrimento da armadura, oxidaçào das barras de aço, esmagamentos, ruturas, fissuras etc. Nas estacas metálicas surgem as oxidações e/ou corrosões. Nas estacas de madeira ocorre o seu apodrecimento principalmente na região do topo, com perda de material, e
• na obra como um todo, pelos recalques e  desaprumos. < Foto 12.1).

Recalque de fundação
Foto 12.1 - Recalque de fundação
2 Danos
Como decorrência do mau funcionamento das fundações, manifestam-se danos dc três tipos distintos e que podem ser definidos como sendo:
• danos arquitetônicos, que são aqueles que com-prometem a estética da edificação, como, por exemplo, trincas em paredes e acabamentos, rompimento dc painéis dc vidre ou mármore etc. Neste caso, o reforço é optaiivo, pois nào envolve riscos quanto à estabilidade da cons-trução (Foto 12.2);
• danos funcionais, que são aqueles causados à utilização da edificação, tais como refluxo ou nu ura de rede de esgotos c/ou águas pluviais, desgaste  excessivo dos trilhexs-guia de elevadores, mau funcionamento de portas e janelas etc. A partir de certos limites, será necessário o reforço, uma vez que podem advir transtornos no uso cia construção, e
• danos estruturais, que são aqueles causados à estrutura propriamente dita, isto é, pilares, vigas c lajes. Nesta situação, o reforço é sempre necessário, pois a sua ausência implica instabilidade da construção, podendo até mesmo levá- la ao colapso. (Foto 12.3)

Trincas em vigas
Foto 12.2 - Trincas em vigas
Esmagamento de pilar
Foto 12.3 - Esmagamento de pilar
3 Causas dos Danos
De maneira geral, as causas prováveis para o mau desempenho de uma fundação são:
• ausência, insuficiência ou má qualidade das investigaçôes ge< >técnicas;
• má interpretação dos resultados da investigação geotécnica;
• avaliação errônea dos valores dos esforços pro-venientes da estrutura;
• adoção inadequada da tensào admissível do solo ou da cota de apoio da fundação;
• modelos inconvenientes de cálculo das fundações;
• má execução por impcrícia ou má-fé da mão de-obra. seqüência construtiva inadequada, má qualidade dos materiais empregados etc.;
• influências externas, como, por exemplo, escavações ou deslizamentos não previsíveis, agressividade ambiental, enchentes, construções vizinhas etc. :
• modificação no carregamento devido à mu-dança no tipo de utilização da estrutura, como no caso de transformação para armazenamento denso de produtos pesados; e
•ampliações de áreas e/ou acréscimo de andares. E importante ressaltar que os danos podem ser  causados por um único fator ou pela combinação  de dois ou mais.

segunda-feira, 25 de março de 2013

REFORÇO DE FUNDAÇÕES.

INTRODUÇÃ O
O presente capítulo visa discorrer sobre o assunto relativo às subfundaçòes que abrangem tanto asubstituição como os reforços de fundações existentes. Estes serviços servem para renovar ou aumentar a segurança da fundação original, em vinude do seu mau desempenho ou de aumento do carregamento por ampliação de áreas ou mudança do tipo de uso da edificação.

Por se tratar de trabalhos muitas veze s peri gosos . sempr e delicados , em geral onerosos  e causadore s de transtornos aos usuários da  obra, é necessário que se realizem estudos e  orçamento s cuidadoso s para uma avaliação adequada da viabilidade e conveniênci a de tais serviços .

quinta-feira, 21 de março de 2013

INSTALAÇÃO DA FUNDAÇÕE DE UMA ESTRUCTURA OFFSHORE.

A instalação da fundação de uma estrutura offshore somente é realizada quando se dispõe de um planejamento que inclui a realização dc um procedimento executivo c a previsão de controle executivo. Suas elaborações dependem, sobremaneira, do tipo de fundação a ser instalada.

Enquanto a instalação de uma estnitura com fundação rasa é rápida, nào envolvendo mais do que um ou alguns dias de trabalho, a instalação de uma fundação profunda é mais demorada, porém normalmente não ultrapassando de uma semana a um mês de trabalho, sem contar com interrupções devido às condições do mar ("stand-by wcather").

Figura 11.10 Detalhe da conexão
fundação-estructura por comformação
Além da restrição do prazo executivo, os seguintes aspectos contribuem para que o controle executivo de fundações offshore difira daqueles realizados durante a construção das fundações em terra: 

• dificuldade de acesso à fundação, por esta se encontrar submersa;
• alto custo de mobilização e manutenção na locação do meio naval habilitado para a execu-
ção da fundação (como, por exemplo, manuseio de martelos ou perfuratrizes);
• no caso da fundação de plataformas, há total inviabilizaçào de sc realizar provas de carga estáticas dc compressão, devido à magnitude das cargas envolvidas;
• no caso de estruturas submarinas, como dutos, ' templates" e "manifolds", há inexistência de níveis fixos de referência, que permitam o controle dos recalques absolutos (somente sendo viabilizado o controle do desnivelamento).

Além disso, o controle de qualidade dc uma fundação offshore está restrito à fase de instalação da estrutura, principalmente devido à adversidade do ambiente marinho, que dificulta a manutenção da estanqueidade do invólucro da instrumentação, tanto para resistir às altas pressões hidrostáticas, quanto evitar o contato com umidade (o tempo máximo de sobrevivência de uma instrumentação submersa está normalmente restrito à ordem de grandeza de dias). Como conseqüência, são raros os casos de implantação de um programa de instrumentação ao longo da vida útil da estrutura.

segunda-feira, 18 de março de 2013

NOÇÕE S SOBRE GEOTECNIA OFFSHORE.

Generalidades
No Brasil, os termos "Geotecnia Offshore" ou "Geotecnia Marinha" passaram a ser utilizados amplamente a partir do final da década tle 70, com o início das investigações geotécnicas para o
projeto de fundação das plataformas fixas da Bacia de Campos, litoral do Estado do Rio de Janeiro' .
Praticamente toda a atividade offshore realiza-da na costa brasileira está voltada para a exploração de hidrocarbonetos. Esta atividade localizada da indústria do petróleo, aliada a uma certa inibição que o tema provoca nos geotécnicos nào fa-miliarizados, traz como conseqüência a redução do número de profissionais que atuam na especialidade (no Brasil nào chegando a dezenas, enquanto que em todo o mundo possivelmente não repre-sentando mais do que um milhar).

Apesar desta restrição, observa-se que é muito tênue a interface entre o trabalho desenvolvido na Geotecnia Offshore e o praticado pela Geotecnia tradicional. De acordo com Le Tirant (1979). por exemplo, os solos marinhos nào s c distinguem significantemente dos presentes nos depósitos terrestres, menos as seguintes particularidades:

• a diagênese*' dos solos é normalmente menos desenvolvida em ambiente marinho;
• o ambiente marinho é mais deposicional do que erosional , de modo que as propriedades dos sedimentos são mais uniformes do que as dos solos existentes em terra e os solos mari-nhos comumcnte seguem una padrão de deposição em função da lâmina tTãgua, onde as granulometrias mais finas estão localizadas cm águas mais profundas. Exceção à regra sào os depósito s de materia l calcário , com granulometri a granula r e/ou argilosa , comumcnte encontrados em águas, que nos tempos pretéritos ou atuais de sua formação eram rasas, banhadas por correntes tropicais, expostos a condições propícias de ensolação;
• o fato das solos marinhos terem saturação próxima de 100% geralmente simplifica as considerações de projeto. Entretanto, a presença dc gases dissolvidos (especialmente em regiões dcltáicas) ou mesmo de hidratos (típicos de águas profundas), torna-se um fator complicador para a análi-
se geotécnica. Em adição, a ocorrência de descompressà o e gaseificação durant e a amostragem dificulta o conhecimento sobre as reais características do depósito;
• a ocorrência de erosão do solo superficial ("scour") e/ou enterramento da estnitura durante a sua vida útil é outro aspecto que requer con-sideração no projeto de estruturas submersas.
Na realidade, são as técnicas de investigação e dc execução da fundação, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de equipamentos, que impõem os maiores contrastes entre se traba-
lhar no mar ou em terra.

Quanto ao projeto de fundação, observa-se que diversas metodologias de análise hoje amplamente utilizadas foram desenvolvidas a partir das aplicações offshore (curvas "p-y" de carregamento lateral
de estacas, curvas "t-z" de transferência axial de car-ga tle estacas, método é para o cálculo da capacida-
de de catga de estacas fundadas em solos argilosos...). Em adição, ocorre também que nos projetos
offshor e está embutido um maior grau de conservadorismo do que o das obras em terra. Este conservadorismo não sc traduz diretamente nos fatores de segurança recomendados por normas c có-digos maá. no "approach" de projeto para majoração das catgas e minoraçào da resistência dos solos.

Quanto à interpretação dos parâmetros geotécnicos, ocorre que as campanhas marinhas de investigação são menos representativas do que as realizadas para obras em terra com idêntico nível de responsabilida-de. Apesar de utilizarem tecnologias de ponta especialmente desenvolvidas para viabilizar o trabalho no mar, isto se verifica porque:

• os custos das investigações sào elevados em relação ao custo da estrutura (muitas vezes próximo dc 5% do total despendido);
• são adversas as condições ambientais inerentes ao trabalho no mar. ocasionando sérias dificuldades técnicas em se realizar uma investigação que forneça dados confiáveis sobre os solos investigados (os meios navais fixos não estão habilitados para perfuração em lâmina d'água superior a 100 m, enquanto os flutuan-
tes normalmente não conseguem operar com altura de onda superior a 3 m), e
• é restrita a quantidade de obras no mar que permita o mapeamento das variações regionais e locais do comportamento dos solos.

No outro extremo, são consideráveis as incertezas que envolvem a avaliação dos esforços ambientais de projeto. Isto se verifica, quer através da consistência do levantamento dos dados ambientais (como.
por exemplo, a representatividade do período de medições) , que r através dos procedimentos probabilísticos de tratamento destes dados, que envolvam análise decenária, centenária ou a que melhor se aplique à obra cm questão4. Para se entender a importância deste aspecto, cabe lembrar que a parcela relativa aos esforços ambientais (no caso das estruturas da costa brasileira, basicamente ondas, ventos e correntes marinhas) à qual as estruturas oífshore estão sujeitas, é consideravelmente mais pre-ponderante do que a atuante nas estruturas cm terra.

Dependendo do tipo de estrutura, estes esforços representam mais de 50% das cargas axiais c a totalidade das cargas transversais atuantes na fundação.

Em adição a todas estas considerações, deve-se ter em mente as grandezas envolvidas nos projetos em mar aberto. Qualquer acidente com uma estrutura fixa que abriga 200 funcionários e pesa até 1.500 MN de concreto, ou com uma jaqueta de aço com até 500 m de altura, ou com uma estrutura tipo TLP ("Tcnsion Leg Platform"), traria  conseqüências realmente desastrosas.

Desta forma, não são inconuins fundações com estacas de aço dc 2 m de diâmetro com penetrações da ordem dc 150 m abaixo do leito marinho, submetidas a esforços axiais gerados em condição dc tormenta da ordem de 30 MN. A seguir são apresentados os detalhes dos tipos mais comuns de fundação offshore.

platform" (fig. 11.2), torre guiada e complacente, "template", assim como para ancoragem em
geral; fundação rasa => base tipo "radier" celular das plataformas de gravidade (fig. 11.3) e tipo "radier" plano dos "manifolds", sapatas das plataformas auto-elevatórias (fig. 11.4) e dutos submarinos; âncoras => ancoragem de meios navais flutuantes e estaiamentos de torres guiadas (fig. 11.5).

Plataforma tipo T.L.P.
Figura 11.2- Plataforma tipo T.L.P.
 Radiers" de plataforma de concreto
Figura 11.3 - Radiers" de plataforma de concreto
Plataforma tipo auto-clevatória
Figura 11.4- Plataforma tipo auto-clevatória
Detalhe de uma ancora convencional dcaço
Figura 11.5 - Detalhe de uma ancora convencional dcaço

quinta-feira, 14 de março de 2013

Tubulões a Ar Comprimido.

Pretendendo-se executar tubulões em solos  onde haja água e nào seja possível esgotá-la devido ao perigo de desmoronamento das paredes do fuste, utilizam-se os tubulões a ar comprimido (também denominados de pneumáticos) com camisa de concreto ou de aço.

Os tubulões a ar comprimido com camisa de concreto começaram a ser usados entre nós a partir da década de 40, quando a Companhia Nacional de Construções Civis c Hidraúlicas (Civilhidro). sob a chefia do engenheiro Sérgio Valério, importou da França campânulas da Campenon Bemard, usadas, para execução de tubulões para obras-de-arte.

O primeiro prédio a ter suas fundações em tubulào a ar comprimido foi o Edifício Rhodia, na
Rua Libero Badaró, em Sào Paulo. A partir daí, os tubulões a ar comprimido com camisa de concreto passaram a ser uma das fundações profundas mais executadas no país.

Em 195-1, foi importado pela Engenharia de Fundações S.A. (Engefusa) o primeiro equipamento para
cravar camisas metálicas passando-se a usar o tubulào com camisas dc- aço como mais uma alternativa.

Com o maior desenvolvimento dos outros tipos de fundaçàc e com maiores restrições a ruído, o tubulào a ar comprimido foi sendo cada vez menos usado entre nós.

Atualmente só se usa tubulào a ar comprimido e em geral com camisa de concreto, em obras dc arte, geralmente fora do perímetro urbano.

As campânulas originais utilizavam guincho acionado por ar comprimido e por isso tinham seu topo
em forma de calota, o que criava problemas para a colocação de pesos sobre a compânula, para fa-
cilitar a descida da camisa do tubulào. Com a introdução de guinchos elétricos, as campânulas passaram a ser confeccionadas com teto plano eliminando-se este inconveniente.

Neste tipo de tubulào, seja a camisa dc concreto, seja dc aco, a pressão máxima de ar comprimi-
do empregada é de 3,-1 atm (340 kPa), razão pela qual estes tubulões têm sua profundidade limitada
a 34 m abaixo do nível de água (Norma Rcgulamentadora n ® 15, Anexo 16. da Portaria 3-214 do Ministério do Trabalho).

É importante ressaltar que no caso de utilização  de ar comprimido, em qualquer etapa dc execução dos tubulões, deve-se observar que o equipamento deve permitir que sc atendam rigorosamente os tempos dc compressão e descompressão prescritos pela boa técnica e pela legislação em vigor, só se admitindo trabalhos sob pressões superiores a 150 kPa quando as seguintes providências forem tomadas:

a) equipe permanente de socorro médico à dis-+ posição da obra;
b) câmara de descompressão equipada disponível na obra;
c) compressores e reservatórios dc ar comprimi do de reserva;
d) renovação de ar garantida, sendo o ar injetado  em condições satisfatórias para o trabalho humano.

A Companhia do Metrô de Sào Paulo, complementando estas recomendações, exigiu que cm suas obras com tubulões a ar comprimido se utilizasse  campânula dupla para obrigar um tempo maior de descompressão.

É importante lembrar que neste tipo de tubulões,  deve-se evitar trabalho com excesso de pressão
que possa ocasionar desconfinamento do fuste do tubulào e perda de sua resistência de atrito. Por  esta razão é desaconselhável a má prática de eliminar, através de pressào, a água eventualmente  acumulada no tubulào, devendo esta ser retirada através da campânula.

Analogamente aos tubulões a céu aberto, também é prática entre nós desprezar a carga resistida pelo fuste do tubulào e desprezar o peso próprio do mesmo, de tal modo que o dimensionamento da base alargada é feito de forma similar ao que foi exposto para os tubulões a céu aberto. A diferença do dimensionamento concentra-se, portanto, no fuste, em função da camisa empregada (concreto armado ou chapa de aço, recuperada ou nào).

segunda-feira, 11 de março de 2013

TUBULÕES E CAIXÕES.

Os tulmlôes são elementos estruturais de fundação profunda construídos concretando-se um poço  (revestido ou íào) aberto no terreno, geralmente  dotado de uma base alargada (Fig 9.57). Diferen-
ciam-se das estacas porque em pelo menos na sua etapa final há descida dc operário para completar
a geometria da escavação ou fazer a limpeza de solo Os tubulões dividem-se em dois tipos bási- cos: a céu aberto (normalmente sem revestimento) e a ar comprimido (ou pneumático), estes sempre revestidos, podendo este revestimento ser constituído por camisa de concreto armado ou por  camisa de aço (metálica). Neste caso, a camisa  metálica pode ser perdida ou recuperada.

A NBR 6122/96 recomenda que a base do tubulão deve ser dimensionada de modo a evitar alturas I I superiores a 2 m. Somente em casos ex- cepcionais, devidamente justificados, admitem-se  alturas superiores. Além disso, quando as características do solo indicarem que o alargamento da base  é problemático, deve-se prever o uso de injeções, aplicações superficiais de cimento, ou mesmo o
escoramento, a fim de evitar desmoronamento da Ixtse.

Geometria de um tubulão
Figura 9.57 • Geometria de um tubulão

Quando a base sc apóia em solo, deve-se evitar que entre o término da execução do seu alargamento e a concretagem decorra tempo superior a  24 horas, caso contrário nova inspeção deve ser
feita por ocasião da concretagem, para avaliação.

Quando a base do tubulão foi assente sobre rocha, a pressão admissível deve levar em conta a continuidade desta, sua inclinação e a influência da atitude da rocha sobre a estabilidade. Se a rocha for de superfície inclinada o assentamento tia base deve ser precedido do preparo desta superfície (por exemplo: chumbamento, escalonamento em superfícies horizontais), de modo a evitar deslizamento do tubulão.

Outra recomendação da NBR 6122/% diz respeito ao caso tle 'ubulões com bases assentes em cotas  variáveis, os quais deverão ser executados iniciando-se pelos mais profundos, passando-se a seguir para os mais rasos. Além disso deve-se evitar trabaIho simultâneo em bases alargadas tle tubulões, cuja  distância, tle centro a centro, seja inferior a duas vezes o diâmetro (ou dimensão) tia maior base, valen- do esta recomendação tanto para a escavação quanto pi ra a concretagem, sendo especialmente impor- tante quando sc tratar tle tubulões a ar comprimido.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Concretagem Submersa.

Colocada a armadura, inicia-se a última fase executiva das estacas escavadas, que é a operação de  concretagem. É nesta fase que podem ocorrer os  defeitos executivos que mais comprometem o desempenho deste tipo de fundação.

O concreto é lançado no fundo da escavação,  preenchida de lama bentonítica, através dos tulxxs
de concretagem. Sendo mais denso que a lama,  expulsa a mesma, preenchendo total e perfeitamente, tle baixo para cima, totla a escavação.

Durante esta operação, o tubo de concretagem, que deve ter sua extremidade sempre imersa no  concreto, vai sendo levantado.

Para que a operação acima descrita tenha êxito  é necessário que o concreto e a lama Ixmtonitica tenham determinadas características.

O concreto deve ter alta trabalhabilidade e fluidez para sair da boca tio tubo "tremonha" como
um fluido grosso e viscoso para cima c para o lado e nesse seu movimento deslocar a lama  bentonítica, sem com ela se misturar e por uma ação tle raspagem removê-la da superfície da escavação (e da ferragem), criando um contato ínti- mo entre concreto e solo.

Quanto à lama bentonítica. quanto menor sua  densidade e sua viscosidade mais fácil será o  seu deslocamento pelo concreto Além disso é  necessário que a "tensào de raspagem" criada  pelo movimento do concreto seja maior que a  aderência entre o "cake" e as paredes da escavação.

De uma maneira geral a condição para uma lx»a  concretagem submersa no que diz respeito aos
materiais envolvidos (conc reto e lama bentonítica)  será atendida se estes satisfizerem as seguintes  condições recomendadas pela Norma Brasileira  (NBR -6122) : 

a)Lama Bentonítica: (ver no item)
 

b) Concreto:
Abatimento ("slump-test") : 200 +/- 20 mm  Diam. máx. do agregado: nào superior a 10%
do diam interno do tubo tremonha.

Consumo tle cimento: mínimo 400 kg/m3
Apesar de nào constarem da Norma Brasileira,  as recomendações mencionadas a seguir sào muito importantes para se ter um concreto de alta  trabalhabilidadc e nào segregável durante o lança-
mento:

Agregado graúdo : dever á ter forma s arrendodadas, procurando-se evitar agregados com
forma lamelar.

Areia: areia natural na proporçào de 35% a 45%  do peso total dos agregados. Nào deve ser permi-
tido o uso de pó de pedra

Fator A/C : abaixo de 0,6 K interessante notar que nem a Norma Brasileira nem outras normas se preocupam com a resistência do concreto. É que, na realidade, a resistência  deixa de ser um fator importante diante da  trabalhabilidadc. tendo em vista as baixas tensões  de trabalho do concreto neste tipo de fundaçào e  as altas resistências obtidas nos concretos dosa- dos segundo as recomendações apresentadas e  com as excelentes condições de cura a que estào  submetidos.

As condiçõe s acima especificadas para os  matérias envolvidos na concretagem submersa  (lama bentonítica e concreto) sào necessárias,  mas nào suficientes para se ter uma concretagem  satisfatória. í- preciso, também, que cerras condições de lançamento do concreto sejam atendidas.

A melhor condiçào de lançamento do concreto é  aquela em que o concreto é lançado diretamente no  funil ile concretagem pelos caminhões-lx*toneiras.

O bombeamento de concreto, caso necessário  deverá ser feito com bombas de alta vazào bombeando para o funil de concretagem.

O concreto se comporta como um líquido viscoso. Quanto mais distante da saída do tubo de  concretagem menor será sua capacidade de deslo- car a lama bentonítica ou de remover o "cake" das  paredes da escavação. A máxima distância que o  concreto pode percorrer sem perder sua capacida- de de deslocamento é da ordem de 2.5 m a 3.0 m.

No caso de esta distância ser superada, deve-se usar  mais de um tubo de concretagem, lançando-se o  concreto igualmente nos dois tubos.

A concretagem de uma estaca é iniciada com  o tubo "tremonha" colocado no lundo da estaca (cerca de 30 cm acima do fundo). À medida que o concreto sobe dentro da escavação sua  capacidade de deslocamento diminui e haverá  um momento em que será necessário subir o tubo
tle concretagem para que o concreto volte a fluir.

Esta operação é delicada e deve ser feita mantendo-se sempre a ponta do tulxj "tremonha'  imerso no concreto (mínimo 2.0 m). Movimentar,  durante a concretagem, o tubo "tremonha" para  cima e para baixo para auxiliar o escoamento do  concreto significa que o concreto está com pouca  trabalhabilidadc ou que está na hora de subir o tubo de concretagem.

Os tubos de concretagem devem estar li.sos, limpos, e ter suas juntas estanques.

Uma vez iniciada a concretagem, esta nào pode  ser interrompida e deve ser completada no menor  tempo possível <cerca de 3 horas) . Vazões de lançamento da ordem de 20 m* /hora sào suficientes
para a maioria dos casos.

Durante a concretagem dc uma estaca o movimento do concreto nào é somente ascendente mas
segue uma trajetória mais complexa: na primeira  concretagem o concreto lançado na estaca pre- enche o fundo da mesma. Na segunda o concreto  lançado, já com o tubo "tremonhn" em posição  mais elevada, desloca a porção do primeiro concreto. situado ao redor do tubo "tremonha", para  as laterais da escavacáo c continua subindo dentro ila estaca, sobrepondo-se ao concreto lançado anteriormente. Desta forma o primeiro concreto lançado permanece no fundo da estaca e o último r.o topo da mesma. Durante a concretagem,o concieto lançado na estaca empurrará para a lateral da mes na parte do concreto que está cm contato com a lama bentonítica.

Concretagem demoradas ou interrupções prolongadas no fornecimento do concreto possibili- tam a decantarão de siltes e areias sobre a superfície do concreto já lançado, listas partículas em contato com a lama bentonítica contaminada pelo cimento formam uma "borra" que será deslocada para a lateral da estaca pelo concreto fresco o j recoberta por ele. Lamas bentoníticas limpas e em boas condições evitam este problema. Interrupções prolongadas na concretagem podem obrigar a retirada do tubo "tremonha" de dentro do concreto para evitar o seu aprisionamento, podendo dar origem a juntas frias.

 Movimentos do concreto durante a concretagem de uma estaca "barrete"
Fig. 9.15 • Movimentos do concreto durante a
concretagem de uma estaca "barrete"

segunda-feira, 4 de março de 2013

Limpeza do Fundo e Preparo da Lama para Concretagem.

Durante a escavação, partículas de solo, argilas, siltes e areias vão se incorporando ã lama bentonítica aumentando sua densidade c sua vis-cosidade. As partículas mais finas (argilas e siltes finos; ficam em suspensão enquanto as partículas mais grossas vão sedimentando lentamente e neste movimento para baixo arrastam consigo partículas tle bentonita formando no fundo da escavação uma "pasta" densa e viscosa difícil de ser completamente removida pelo concreto. Dependendo tio grau de contaminação da lama, este fenômeno pode ocorrer durante a concretagem. principalmente cm concretagens demoradas e, neste caso, teremos esta "pasta" sendo formada, nào mais no fundo da escavação, mas sobre a superfície do concreto jâ lançado. A vclt>cidadc e a intensidade desta de-cantação depende muito da concentração de bentonita na mistura e do grau de contaminação da lama, principalmente por areias.

Logo após o término da escavação, devido à contaminação da lama bentonítica a estaca não
está em condições de ser concretada. Lançar concreto nesta situação é certamente querer enfrentar
no future» inúmeros problemas íestaca sem resistência dc ponta, estaca seccionada por incru st ações tle lama, estacas com atrito lateral baixo etc. J de difíceis e onerosas soluções.

Para concretar a estaca é necessário proceder a  uma limpeza no fundo da mesma removendo a "pasta" viscosa e densa, e colocar as características da lama dentro dos limites fixados pela norma.

Terminada a escavação e após uma primeira limpeza feita com a própria ferramenta tle escavação, procede-se à limpeza tio fundo da estaca hom-Ix-ando a lama contaminada do fundo para fora,  substituindo-a por lama nova ou reciclada.

Este bombeamento pode ser feito por bombas do tipo submersa ou por circulação reversa atra-
vés tio tubo de concretagem. Em estacas muito profundas, a utilização tle "air lift" pode ser necessária.

No caso de utilização de lamas recicladas, o tratamento tia mesma consiste em remover as partículas sólidas «materiais acima de ü,01 mm) através tle desarenadores (hidrociclones) e até mesmo peneiras para os materiais mais grossos. Os siltes e argilas nào sào removíveis por meios mecânicos. Quando a concentração destas partículas se torna perniciosa é possível diminuí-la misturan-do lama nova com a lama reciclada.

Lamas quimicamente contaminadas pelo cimen-to nào sào economicamente recuperáveis.

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