quinta-feira, 7 de março de 2013

Concretagem Submersa.

Colocada a armadura, inicia-se a última fase executiva das estacas escavadas, que é a operação de  concretagem. É nesta fase que podem ocorrer os  defeitos executivos que mais comprometem o desempenho deste tipo de fundação.

O concreto é lançado no fundo da escavação,  preenchida de lama bentonítica, através dos tulxxs
de concretagem. Sendo mais denso que a lama,  expulsa a mesma, preenchendo total e perfeitamente, tle baixo para cima, totla a escavação.

Durante esta operação, o tubo de concretagem, que deve ter sua extremidade sempre imersa no  concreto, vai sendo levantado.

Para que a operação acima descrita tenha êxito  é necessário que o concreto e a lama Ixmtonitica tenham determinadas características.

O concreto deve ter alta trabalhabilidade e fluidez para sair da boca tio tubo "tremonha" como
um fluido grosso e viscoso para cima c para o lado e nesse seu movimento deslocar a lama  bentonítica, sem com ela se misturar e por uma ação tle raspagem removê-la da superfície da escavação (e da ferragem), criando um contato ínti- mo entre concreto e solo.

Quanto à lama bentonítica. quanto menor sua  densidade e sua viscosidade mais fácil será o  seu deslocamento pelo concreto Além disso é  necessário que a "tensào de raspagem" criada  pelo movimento do concreto seja maior que a  aderência entre o "cake" e as paredes da escavação.

De uma maneira geral a condição para uma lx»a  concretagem submersa no que diz respeito aos
materiais envolvidos (conc reto e lama bentonítica)  será atendida se estes satisfizerem as seguintes  condições recomendadas pela Norma Brasileira  (NBR -6122) : 

a)Lama Bentonítica: (ver no item)
 

b) Concreto:
Abatimento ("slump-test") : 200 +/- 20 mm  Diam. máx. do agregado: nào superior a 10%
do diam interno do tubo tremonha.

Consumo tle cimento: mínimo 400 kg/m3
Apesar de nào constarem da Norma Brasileira,  as recomendações mencionadas a seguir sào muito importantes para se ter um concreto de alta  trabalhabilidadc e nào segregável durante o lança-
mento:

Agregado graúdo : dever á ter forma s arrendodadas, procurando-se evitar agregados com
forma lamelar.

Areia: areia natural na proporçào de 35% a 45%  do peso total dos agregados. Nào deve ser permi-
tido o uso de pó de pedra

Fator A/C : abaixo de 0,6 K interessante notar que nem a Norma Brasileira nem outras normas se preocupam com a resistência do concreto. É que, na realidade, a resistência  deixa de ser um fator importante diante da  trabalhabilidadc. tendo em vista as baixas tensões  de trabalho do concreto neste tipo de fundaçào e  as altas resistências obtidas nos concretos dosa- dos segundo as recomendações apresentadas e  com as excelentes condições de cura a que estào  submetidos.

As condiçõe s acima especificadas para os  matérias envolvidos na concretagem submersa  (lama bentonítica e concreto) sào necessárias,  mas nào suficientes para se ter uma concretagem  satisfatória. í- preciso, também, que cerras condições de lançamento do concreto sejam atendidas.

A melhor condiçào de lançamento do concreto é  aquela em que o concreto é lançado diretamente no  funil ile concretagem pelos caminhões-lx*toneiras.

O bombeamento de concreto, caso necessário  deverá ser feito com bombas de alta vazào bombeando para o funil de concretagem.

O concreto se comporta como um líquido viscoso. Quanto mais distante da saída do tubo de  concretagem menor será sua capacidade de deslo- car a lama bentonítica ou de remover o "cake" das  paredes da escavação. A máxima distância que o  concreto pode percorrer sem perder sua capacida- de de deslocamento é da ordem de 2.5 m a 3.0 m.

No caso de esta distância ser superada, deve-se usar  mais de um tubo de concretagem, lançando-se o  concreto igualmente nos dois tubos.

A concretagem de uma estaca é iniciada com  o tubo "tremonha" colocado no lundo da estaca (cerca de 30 cm acima do fundo). À medida que o concreto sobe dentro da escavação sua  capacidade de deslocamento diminui e haverá  um momento em que será necessário subir o tubo
tle concretagem para que o concreto volte a fluir.

Esta operação é delicada e deve ser feita mantendo-se sempre a ponta do tulxj "tremonha'  imerso no concreto (mínimo 2.0 m). Movimentar,  durante a concretagem, o tubo "tremonha" para  cima e para baixo para auxiliar o escoamento do  concreto significa que o concreto está com pouca  trabalhabilidadc ou que está na hora de subir o tubo de concretagem.

Os tubos de concretagem devem estar li.sos, limpos, e ter suas juntas estanques.

Uma vez iniciada a concretagem, esta nào pode  ser interrompida e deve ser completada no menor  tempo possível <cerca de 3 horas) . Vazões de lançamento da ordem de 20 m* /hora sào suficientes
para a maioria dos casos.

Durante a concretagem dc uma estaca o movimento do concreto nào é somente ascendente mas
segue uma trajetória mais complexa: na primeira  concretagem o concreto lançado na estaca pre- enche o fundo da mesma. Na segunda o concreto  lançado, já com o tubo "tremonhn" em posição  mais elevada, desloca a porção do primeiro concreto. situado ao redor do tubo "tremonha", para  as laterais da escavacáo c continua subindo dentro ila estaca, sobrepondo-se ao concreto lançado anteriormente. Desta forma o primeiro concreto lançado permanece no fundo da estaca e o último r.o topo da mesma. Durante a concretagem,o concieto lançado na estaca empurrará para a lateral da mes na parte do concreto que está cm contato com a lama bentonítica.

Concretagem demoradas ou interrupções prolongadas no fornecimento do concreto possibili- tam a decantarão de siltes e areias sobre a superfície do concreto já lançado, listas partículas em contato com a lama bentonítica contaminada pelo cimento formam uma "borra" que será deslocada para a lateral da estaca pelo concreto fresco o j recoberta por ele. Lamas bentoníticas limpas e em boas condições evitam este problema. Interrupções prolongadas na concretagem podem obrigar a retirada do tubo "tremonha" de dentro do concreto para evitar o seu aprisionamento, podendo dar origem a juntas frias.

 Movimentos do concreto durante a concretagem de uma estaca "barrete"
Fig. 9.15 • Movimentos do concreto durante a
concretagem de uma estaca "barrete"

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