Outros materiais também são utilizados, porém cm muito menor escala: perfis dc aço em estacas metálicas, troncos de árvore aparados em estacas de madeira e alvenarias e cantarias em blocos e alicerces de pequenas edificações. Ocasionalmente utilizam-se ainda materiais alternativos cm fundações para casos pouco rotineiros: estacas de brita ou de solo-cimento, solos reforçados para apoio
de sapatas etc.
Nào se pode jamais esquecer que, na verdade, o principal material "utilizado" nas fundações é o próprio solo (ou rocha) constituinte do maciço, o qual deve, evidentemente, ser adequadamente investigado, conforme já citado no item b) precedente. A qualidade dos materiais empregados na confecção dos elementos de fundação é, evidentemente, muito importante para a qualidade c o próprio desempenho da fundação e de toda a obra. Desta forma, deve-se, sempre que possível, dar preferencia a materiais produzidos com rigoroso controle de qualidade e fornecidos por fornecedore pré-qualificados. Isto passa a ser uma exigência básica em obras de grande porte, obras-de-arte viárias etc.), porém é quase inviável nas milhares de obras de pequeno ou médio porte executadas individualmente e espalhadas pelas cidades.
Assim, é necessário fazer uma distinção clara entre as diversas categorias de empreendimentos, de empresas envolvidas c dc tipos dc obras consideradas.
Resumidamente pode-se considerar três categorias básicas, para as quais o enfoque da qualidade dos materiais fornecidos deve sei difciciiciado:
1º categoria: grandes empreendimentos ou obras com continuidade ou seqüência sistemática.
Nesta categoria deve-se procurar organizar o forneciment o dc materiai s atravé s da pré-qualificação dc fornecedores, conforme descrito nos itens 19.1.3 e 19.2.2, dando preferência a produtos certificados ou homologados.
2º categoria: empreendimentos de médio porte e obras de responsabilidade, executadas iso-
ladamente.
Nesta categoria a pré-qualificação geralmente não sc aplica em função da puntualidade dos fornecimentos, porém o controle precisa ser muito rigoroso devido à elevada responsabilidade das obras. Pode-se utilizar produtos certificados ou realizar contratos dc fornecimento, estabelecendo as especificações exigidas dos materiais (por exemplo, fck e slump do concreto), as condições de amostragem, aceitação e rejeição do controle de rcccbimcnto, bem como as responsabilidades técnicas e financeiras das partes nc caso de eventuais não conformidades.
3º categoria: empreendimentos dc pequeno porte e obras simples, dc menor responsabilidade.
Nesta categoria a prática corrente é a utilização dos fornecedores comuns ("depósitos" de materiais de construção, por cx. ) c o custo de um controle de qualidade especialmente contratado é incompatível com a obra. Nestes casos devese procurar dar preferência a produtos certificados e, na inexistência destes, a marcas consagradas, recorrendo à supervisão da obra por pessoal ex-periente e competente, no sentido de evitar a utilização de materiais de qualidade duvidosa ou até inconvenientes.
Quanto aos controles dc qualidade a serem utilizados para qualificar os materiais recebidos numa obra e que serão utilizados na execução de fundações, nào existem especificidades tais que diferenciem estes controles daqueles utilizados para os mesmos materiais, quando utilizados cm outras partes da obra, como por exemplo na estrutura.
Assim, para o controle de qualidade do concreto utilizado nas fundações prevalecem os mesmos padrões e a mesma metodologia utilizada para o concreto da superestrutura, e assim também para os demais insumos.
Neste contexto, recomenda-se portanto, para o leitor interessado cm se aprofundar no controle do concreto utilizado em fundações, que recorra às bibliografias específicas que existem tratando deste assunto, das quais sào citadas apenas a título dc exemplo: Petrucci (1970) , Hclene (1981) , Neville (1982) , Andriolo c Sgarbosa (1993) etc. Cabe, ainda, estabelecer algumas separações essenciais, no caso dos elementos dc fundações em concreto. Assim, os controles serão totalmente diferentes para o caso de fornecimento dc materiais (cimento, areia, pedia) paia piodução de pequenas obras com fundações em sapatas ou estacas moldadas "in-loco", ou no caso do fornecimento de concreto dc usina para aplicação na obra — caso corrente nas obras dc maior e até dc médio porte. Da mesma forma diferenciam-se de todas estas(moklagcm dos elementos no local) as obras em que sào utilizados elementos pré-moldados (estacas ou segmentos de estacas) a serem cravados. Para estas últimas aplicamse os controles típicos relativos ao fornecimento de peças pré-moldadas que, no caso das estacas, permitem ainda o controle de cravaçào.
No caso dos elementos dc aço utilizados nas obras, para os vcrgalhòcs c fios utilizados nas ar- maduras, cabem os controles usuais aplicados para este tipo de material cm estruturas de concrcto armado e descritos nas bibliografias já referidas. Para estacas metálicas, utilizando perfis laminados ou soldados, os controles na obra geralmente se restringem aos aspectos dimensionais das peças, à qualidade das soldas c à corrosão dos perfis, não se atendo às propriedades fisico-químicas e mecânicas do aço, uma vez que estas sào admitidas como devidamente controladas nas siderúrgicas.
Para estacas de madeira não existem controles padronizados estabelecidos, inclusive pelo fato de se tratar atualmente quase que exclusivamente de estacas para obras provisórias. Cabe ressaltar que, na regiào amazônica, devido à ainda abundante presença de madeira de boa qualidade, o uso dc estacas dc madeira para obras definitivas é até recomendado, especialmente dc espécies que apresentam elevada resistência ao apodrecimento (como a massaranduba, com densidade específica maior do que 1,0). Os controles usuais no recebimento de estacas dc madeira s c restringem à confirmação da espécie de madeira contratada
(condição essencial , devido especialmente à questão da durabilidade), exigência de uso exclusivo do cerne e rejeição do alburno c às verificações dimensionais, inclusive quanto à rctilincidade.
Os demais materiais utilizados cm fundações têm caráter específico, voltado a tipos bem característicos, como por exemplo a bentonita, para produzir as lamas bentoníticas utilizadas na escavação de cstacasescavadas e "barretes". Neste caso a bentonita é elemento essencial ao processo, nào sendo, na verdade, incorporada ao produto, razão pela qual o seu controle é de interesse direto do executor das fundações, muito mais do que dos demais envolvidos com a obra.
Outros materiais utilizados, como cimento para a produção dc solo-cimcnto, ou pedra britada para a confecção dc estacas dc brita, apesar dc, nestes casos, se destinarem a fins específicos, sào materi-ais dc uso corrente cm concrcto e os controles de qualidade para o seu recebimento são essencialmente os mesmos num e noutro caso.
b. Qualidad e do s Processos de Produção Os processos dc produção de fundações sào bastante variados, cm funçào dos diferentes tipos de fundações utilizados. Evidentemente, os controles destes processos também variam, adequando-se a cada tipo c às condições de produção muito diversas quando s c compara desde a execução de "brocas" por operários praticamente sem qualificação até a produção dc certos tipos de estacas com equipamentos dc grande porte por empresas ultra-espccializadas.
No mesmo contexto, pode-se tratar, por exemplo, da questão da certificação da qualidade em fundações — algo plenamente viável de ser atingido por algumas empresas especializadas que exe- cutam fundações cm estacas pré-moldadas ou de aço cravadas e cm alguns casos, fundações em certos tipos de estacas moldadas ' in loco", porém totalmente inatingível para um grande número dc pequenos executores de fundações por tubulòes, estacas "Strauss", cstacas "apiloadas" c mesmo para muitas empresas que trabalham com estacas pré-moldadas, tipo "Franki", tipo "raiz" e outras.
Assim, a questão da qualidade dos processos será tratada por categorias dc tipos dc fundações em que se possa estabelecer semelhanças entre os seus processos dc produção.
• Fundações Diretas por Sapatas, Blocos e Radiers
• Fundações Profundas por Tubulões
• Fundações Profundas por Estacas Moldadas "In Loco"
• Fundações Profundas por Estacas Cravadas
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